Volta de bike Represa de Corumbá III


"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, 
 que me insere na busca, não aprendo nem ensino".
 Paulo Freire 


Data: 17 e 18/06/2017
Distância: 170 km  
Integrantes: 
Alexandre Manzan 
Guilherme Gonçalves









Tinha acabado de retornar de minhas férias e o amigo Guilherme sugere passar o fim de semana pedalando em algum canto do Goiás.
- Não vai rolar Guilherme. Acabei de chegar em Brasília e estou fora de forma. Não dá mesmo. 
Mesmo assim, inquieto que sou, desliguei o telefone e abri o Google Earth. Rolando o cursor pelo entorno do Distrito Federal, acabei identificando a fazenda de minha tia Odete (local de onde eu já havia partido para uma viagem de caiaque pela represa Corumbá-III). Abrindo um pouco mais o zoom, vislumbrei algumas promissoras trilhas que poderiam ser acessadas vindo de Luziânia, cidade do Guilherme. A fim de não retornar por onde tinha passado, tracei uma nova rota para voltar a Luziânia. Para executar essa ideia, teríamos que cruzar rio Corumbá no segundo dia e seguir viagem.
Com a rota finalizada, liguei para o Guilherme e disse:
- Então, acho que encontrei umas trilhas novas!! Bora?
Sem muito pensar, organizei minhas tralhas na manhã seguinte e segui para Luziânia/GO onde encontraria o Guilherme. 

Sem nada organizado, Guilherme quase me tirou do sério. Por volta de 11h35min, largamos, finalmente, rumo à fazenda de minha tia. O início do pedal foi marcado por estradões. Faltando 30 quilômetros para chegar, entramos na parte de single tracks. O pedal se tornou bem mais agradável e divertido, mas a progressão tornou-se extremamente lenta. Com o sol se pondo atrás da represa, chegamos famintos à casa da tia Odete. Passamos o início da noite comendo a galinhada que ela havia feito e contando para ela detalhes da pedalada. 

No outro dia, cruzamos com as bikes em uma canoa para a outra margem do lago. Dali, tínhamos mais 90 quilômetros até concluirmos o pedal na casa do Guilherme.
Iniciamos o segundo dia com uma subida de cinco quilômetros. Na sequência, entramos em uma estrada vicinal, a qual dava acesso à ferrovia que liga Brasília ao sudeste. Cruzando a ferrovia, paramos no rio São Bartolomeu para um merecido refresco e tocamos seguindo a rota do GPS que eu havia vislumbrado anteriormente. Um grande problema em se planejar uma rota pelo Google Earth, devido à falta de nitidez das imagens, é a incerteza do que se encontrará realmente "in loco". Já me surpreendi diversas vezes com o que encontro pelas rotas planejadas. Cercas, passagens intransponíveis, subidas muito inclinadas, trilhas que deixaram de existir e, inclusive, fazendeiros antissociais!
Este último empecilho é, sem dúvida, o mais difícil de negociar. Em outra viagem, tive que fazer um desvio de vários quilômetros porque o fazendeiro não queria que eu cruzasse seu pasto. 
Na volta do Corumbá, faltando 40 quilômetros para o final, seguindo a linha sugerida na tela do GPS, sem perceber, adentramos em uma fazenda e demos de cara com o dono. Sem  muita simpatia, ele nos indicou a direção da saída, a qual seguimos imediatamente. Poucos minutos depois, fomos surpreendidos pelo capanga da fazenda. Com um chapéu de vaqueiro desfiado e portando um revólver 38 explicitamente acomodado na cintura, ele nos obrigou a parar e detalhar nossas intenções por ali. Após alguns minutos de negociação, o "bronco" nos escoltou até a entrada da fazenda. Por sorte o caminho até a porteira era o mesmo da rota planejada.
Já eram quase 17h e ainda tínhamos 30 quilômetros até Luziânia. Aceleramos o máximo para não pegarmos noite, mas não teve jeito. Os últimos dez quilômetros foram com as lanternas ligadas. Digo: a minha lanterna de cabeça ligada, pois com a desorganização do Guilherme, tínhamos apenas uma lanterna para os dois. Um pouco nauseados por conta do único foco de lanterna em meio ao breu, chegamos, enfim, às 19h em Luziânia, onde tomamos um chope para encerrar o final de semana.  
Mais uma para a conta!         
    
Agradecimentos:



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