Caiaque no rio São Bartolomeu
Descida do rio
São Bartolomeu
Distância: 95 kmLocal: Distrito Federal e Goiás
Data: 14 e 15/12/2014
Integrantes: Alexandre Manzan, Luis Hashimura e Raphael Silveira
Às 10h00min do dia 14 de dezembro, com tempo
fechado e frio, iniciamos nossa remada na região da Taboquinha/DF, em uma curva
do rio São Bartolomeu.
Em uma conversa com o Raphael algumas semanas
antes, decidimos fechar o ano com uma pequena viagem de dois dias remando em
algum local próximo a Brasília. Como havia explorado praticamente todas as
represas nas cercanias do DF, pesquisei os rios próximos da cidade e me deparei
com uma ótima opção para remarmos.
O rio São Bartolomeu banha o Distrito
Federal e nasce da confluência dos rios Pipiripau e Mestre D’Armas. É o maior
rio do DF, com 200 km de extensão e corta o Distrito Federal no sentido
norte-sul. Estipulei um trecho iniciando na região da Taboquinha e terminando
próximo à cidade de Luziânia/GO.
Devido à temporada de chuva, o rio estava muito
cheio, o que nos fez redobrar nossas atenções. Ainda assim, nos deparamos com
situações relativamente estressantes em nossa descida. Com o volume d’água muito alto, a beirada do rio é erodida com maior intensidade, expondo as
raízes das árvores e causando a queda de muitas delas na direção do rio.
Desta
forma, o fato das árvores caírem no leito do rio juntamente com o alto volume d'água formam um perigoso cenário para a prática da canoagem, pois em muitos trechos
quase não há espaço para o caiaque passar. Neste cenário, um caiaque virado
pode gerar sérios problemas. A forte correnteza não perdoa. Sem os devidos
cuidados, um remador a mercê do rio pode ficar sendo pressionado pela
correnteza nas galhadas das árvores caídas.
Com 35 quilômetros remados, chegamos a uma corredeira
que analisamos antes de descer. Após retirar o leme para não danificá-lo nas
pedras, fui o primeiro a se jogar. Desci bem a corredeira, mas acabei virando o
caiaque na parte mais fácil da descida. Em seguida vieram o Raphael e o Luis,
ambos passando ilesos, deixando-me como única vítima das águas brancas.
Com uma velocidade média de 11 km/h, rapidamente
nos aproximamos da divisa do Distrito Federal com o Goiás. Neste ponto,
decidimos procurar um local para fazermos o pernoite. Após descartarmos um
local devido à proximidade com o nível da água, decidimos continuar um pouco
mais. Contudo, poucos metros depois, o Luis ficou preso em uma galhada e acabou
virando seu caiaque. Eu me encontrava um pouco mais à frente, quando ouvi os
gritos do Luis. Tentando remar contra a correnteza (de aproximadamente 5 km/h)
para chegar ao local onde ele se encontrava, resgatei alguns pertences dele que
vinham boiando no rio.
Ao chegar ao local, encontrei o Luis se segurando em um
galho de árvore com uma mão e o caiaque e seu remo com a outra enquanto a
correnteza tentava arrancá-los dali. Após uma rápida análise da situação,
alcancei o remo dele e o lancei na margem mais próxima. Na sequência, joguei
meu cabo resgate e pedi que ele tentasse amarrá-lo na ponta de seu caiaque.
Equilibrando-se no galho da árvore, Luis teve êxito em amarrar o cabo e se
direcionar à margem pelo galho da árvore.
Com o caiaque dele atado ao meu,
remei em direção à margem em que se encontravam Luis e seu remo, onde, após
frios e tortuosos minutos, conseguimos tirar a água do caiaque e dar
prosseguimento a nossa viagem.
Já às 18h30min, encontramos um local para
acamparmos, um platô de mato em uma das margens do rio. Tudo ia bem até que por
volta das 21h uma chuva torrencial caiu sobre nossas barracas, inundando o
platô em que nos encontrávamos. O piso da barraca mais parecia um colchão
d’água. Apesar disso, conseguimos dormir “quase” enxutos.
No dia seguinte, tínhamos 45 quilômetros até nosso
destino. Fizemos esse trecho em menos de cinco horas, até a ponte onde o rio
São Bartolomeu cruza a GO-010, tempo suficiente para finalizar nosso trajeto, arrumar toda a tralha e esperar tranquilamente até que
nosso resgate oficial, Sr. Dagô, aparecesse no horizonte. Êhh Goiáaas!
Belo fim de ano!