quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Caiaque no rio São Bartolomeu


Descida do rio São Bartolomeu
Distância: 95 km
Local: Distrito Federal e Goiás
Data: 14 e 15/12/2014
Integrantes: Alexandre Manzan, Luis Hashimura e Raphael Silveira

 

Às 10h00min do dia 14 de dezembro, com tempo fechado e frio, iniciamos nossa remada na região da Taboquinha/DF, em uma curva do rio São Bartolomeu.
 

Em uma conversa com o Raphael algumas semanas antes, decidimos fechar o ano com uma pequena viagem de dois dias remando em algum local próximo a Brasília. Como havia explorado praticamente todas as represas nas cercanias do DF, pesquisei os rios próximos da cidade e me deparei com uma ótima opção para remarmos.
 
 
 
 
 
O rio São Bartolomeu banha o Distrito Federal e nasce da confluência dos rios Pipiripau e Mestre D’Armas. É o maior rio do DF, com 200 km de extensão e corta o Distrito Federal no sentido norte-sul. Estipulei um trecho iniciando na região da Taboquinha e terminando próximo à cidade de Luziânia/GO.
 

Devido à temporada de chuva, o rio estava muito cheio, o que nos fez redobrar nossas atenções. Ainda assim, nos deparamos com situações relativamente estressantes em nossa descida. Com o volume d’água muito alto, a beirada do rio é erodida com maior intensidade, expondo as raízes das árvores e causando a queda de muitas delas na direção do rio.
 
Desta forma, o fato das árvores caírem no leito do rio juntamente com o alto volume d'água formam um perigoso cenário para a prática da canoagem, pois em muitos trechos quase não há espaço para o caiaque passar. Neste cenário, um caiaque virado pode gerar sérios problemas. A forte correnteza não perdoa. Sem os devidos cuidados, um remador a mercê do rio pode ficar sendo pressionado pela correnteza nas galhadas das árvores caídas.


Com 35 quilômetros remados, chegamos a uma corredeira que analisamos antes de descer. Após retirar o leme para não danificá-lo nas pedras, fui o primeiro a se jogar. Desci bem a corredeira, mas acabei virando o caiaque na parte mais fácil da descida. Em seguida vieram o Raphael e o Luis, ambos passando ilesos, deixando-me como única vítima das águas brancas.
Com uma velocidade média de 11 km/h, rapidamente nos aproximamos da divisa do Distrito Federal com o Goiás. Neste ponto, decidimos procurar um local para fazermos o pernoite. Após descartarmos um local devido à proximidade com o nível da água, decidimos continuar um pouco mais. Contudo, poucos metros depois, o Luis ficou preso em uma galhada e acabou virando seu caiaque. Eu me encontrava um pouco mais à frente, quando ouvi os gritos do Luis. Tentando remar contra a correnteza (de aproximadamente 5 km/h) para chegar ao local onde ele se encontrava, resgatei alguns pertences dele que vinham boiando no rio.
 
 
 
 


Ao chegar ao local, encontrei o Luis se segurando em um galho de árvore com uma mão e o caiaque e seu remo com a outra enquanto a correnteza tentava arrancá-los dali. Após uma rápida análise da situação, alcancei o remo dele e o lancei na margem mais próxima. Na sequência, joguei meu cabo resgate e pedi que ele tentasse amarrá-lo na ponta de seu caiaque. Equilibrando-se no galho da árvore, Luis teve êxito em amarrar o cabo e se direcionar à margem pelo galho da árvore.

 

Com o caiaque dele atado ao meu, remei em direção à margem em que se encontravam Luis e seu remo, onde, após frios e tortuosos minutos, conseguimos tirar a água do caiaque e dar prosseguimento a nossa viagem.
 
 
 
Já às 18h30min, encontramos um local para acamparmos, um platô de mato em uma das margens do rio. Tudo ia bem até que por volta das 21h uma chuva torrencial caiu sobre nossas barracas, inundando o platô em que nos encontrávamos. O piso da barraca mais parecia um colchão d’água. Apesar disso, conseguimos dormir “quase” enxutos.
 

No dia seguinte, tínhamos 45 quilômetros até nosso destino. Fizemos esse trecho em menos de cinco horas, até a ponte onde o rio São Bartolomeu cruza a GO-010, tempo suficiente para finalizar nosso trajeto, arrumar toda a tralha e esperar tranquilamente até que nosso resgate oficial, Sr. Dagô, aparecesse no horizonte. Êhh Goiáaas!

Belo fim de ano!     
 

 “L’isolement permet une vérité absolue des instants vécus, car l’on n’est pas tenté ni obligé pour des besoins familiaux ou médiatiques de travestir la realité, d’embellir les images ou d’exagérer les difficultés.”
(Christophe Houdaille – Sans Escale, un tour du monde en solitaire à la volie)

  

 
 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Nunca, neste mundo se está sozinho...


Recentemente finalizei a leitura de “Wild”, livro da norte americana Cheryl Strayed. Contando um pouco de sua tormentosa vida, a autora revela a concatenação de fatos que a levaram a percorrer sozinha e sem nenhuma experiência uma das mais difíceis e longas trilhas do mundo, a Pacific Crest Trail. Esta trilha se inicia na fronteira do México com os EUA, cruza os estados da California, Oregon, Washington e finaliza sua sinuosa crista no Canadá. Sempre seguindo a cadeia de montanhas que pipoca longitudinalmente o oeste norte americano, essa trilha requer de seus adeptos uma logística impecável e uma boa dose de força de vontade; sem contar com a frieza para lidar com frequentes cobras venenosas, ursos antissociais famintos e possíveis humanoides psicopatas. Ignorando (ou não sabendo) tudo isso, Strayed se lançou em uma penosa e longa busca pessoal de mais de mil milhas.   
                     Devorando o último capítulo, coincidentemente ouvi em uma de minhas “playlists” duas boas músicas brasileiras com letras bem relacionadas ao livro (trechos abaixo).  
                   Tendo realizado diversas viagens em estilo “solo”, identifiquei-me com inúmeras situações contadas por Cheryl.
                     A história contada em “Wild”, irá aos cinemas em dezembro de 2014 (nos EUA), pois o livro acabou de virar filme e certamente terá um lugar guardado em minha cinemateca, ao lado de “Into the Wild”, “137 horas”, “Diários de Motocicleta” e “On the Road”...

Pois com sua sabedoria e coragem
Mostrou que com uma rosa
E o cantar de um passarinho
Nunca nesse mundo se está sozinho

 Domingo 23 - Jorge Ben Jor

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...
Certo ou errado até
A fé vai onde quer que eu vá
Oh! Oh!
A pé ou de avião...

Mesmo a quem não tem fé
A fé costuma acompanhar

Andar com Fé – Gilberto Gil

Abraço com Fé...

Manza