terça-feira, 22 de novembro de 2011

EMA Mix Terra

Município de Itu - SP, 20/11/2012

Desde criança, tenho uma forte ligação com o mato, quando meu pai, espeleólogo, me arrastava para os "perrengues" que minusciosamente preparava a fim de explorar as centenas de cavernas do estado de Goiás. Lá ia eu, arrastando mochila e fita métrica para ajudá-lo a confeccionar a topografia destes lugares únicos. É evidente que, na maioria das vezes, me questionava: o que estou fazendo aqui?

O fato é que toda aquela experiência me deixou um legado enorme. Desde então, não consigo ficar mais de 15 dias sem dar uma escapada para o campo. Lembro-me do dia em que escutei algo sobre corrida de aventura pela primeira vez. Já praticava triathlon e a união do mato com os esportes de que gosto me cativou de imediato.

Algum tempo depois, fui saber que a primeira corrida de aventura realizada no Brasil fora o EMA. Sem entender como é possível, em uma prova dessas, aguentar, muitas vezes, 7 dias de sofrimento, sem comer nem dormir direito, fico admirando, à distância, esses super-homens.

Não poderia escrever este post, contando os detalhes de minha prova, sem antes contar um pouco da história de que tenho conhecimento a respeito do Alexandre Freitas, idealizador das corridas do EMA.

Após trazer a cultura da corrida de aventura para o Brasil, Freitas, durante o Eco Challenge das Ilhas Fiji, ingeriu um pedaço de peixe contendo um virus ou bactéria (não sei ao certo) raríssimo(a), o(a) qual, ao se desenvolver em seu corpo, se alojou em sua medula, quase levando-o à óbito devido ao seu debilitado estado físico em decorrência da prova da qual participava. No dia 20/11/2012, Freitas voltou a estar envolvido com este tipo de prova, fazendo parte da organização de um novo formato dado às corridas do EMA.

A prova contou inicialmente com 15 km de corrida rústica e, na sequência, 25 km de um mountain bike super divertido e rápido.

Para esta nova fase do EMA, realizada em duplas para manter o espírito de equipe de uma corrida de aventura, tive a satisfação de correr com o atleta do triathlon Cross country Cid Barbosa, de Natal. Forte na corrida, sabia que eu teria que correr bem para acompanhá-lo. Ciente do alto nível das outras duplas, planejamos uma estratégia de aproveitarmos as modalidades em que nos destacamos para atacar nas subidas e, assim, tentarmos abrir uma vantagem já na primeira etapa da prova, a corrida. Largamos bem e nas primeiras subidas do percurso colocamos em prática o que havíamos planejado. Ao final do belo percurso de corrida, com um pequeno trecho de descida técnica antes da transição, estávamos com 1'30" de vantagem. Apesar de não saber desta vantagem no momento da prova, perturbei meu parceiro para forçarmos o ritmo na dura subida do começo da bike para podermos administrar melhor a prova no decorrer do percurso (divertidíssimo, por sinal).

Entramos no trecho de single track sem saber quanto tempo de vantagem tínhamos para a segunda dupla. Diante disso, perturbei um pouco mais meu parceiro para garantirmos a prova naquele trecho impondo a última dose de força do dia, afinal, perder nos últimos metros não é nada agradável...

Após 1h52' de prova, cruzamos mortos, porém realizados, a linha de chegada em primeiro. Mais que o significado da primeira colocação, sabíamos que estávamos fazendo parte da continuação de uma história da qual sou grande admirador.

Parabéns à equipe do EMA.


Abraço.

Manza


Agradecimentos:


SCOTT

Traveler.com

D'Stak academia

Cycling Bike Shop

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Teresina - Jericoacoara de bike...














600 km de mountain bike em seis dias pelas estradas do Piauí e o litoral do Ceará.










1º dia 01/10: Teresina - Capitão de Campos: 160 km, 7h20', 22 km/h;











2º dia 02/10: Capitão de Campos - Piracuru: 80 km, 3h30', 22,2km/h;










3º dia 03/10: Piracuru - Parnaíba: 152 km, 6h20', 24,5km/h;


4ºdia 04/10: Parnaíba - Macapá: 43 km, 2h16', 20 km/h, muito vento contra.


5º dia 05/10: Macapá - Camocim: 90 km, 4h35', 20km/h, vento e areia fofa.


6º dia 06/10: Camocim - Jericoacoara: 45 km, 2h51', 14,6km/h, vento e areia fofa.


Desde a primeira vez que vi fotos do Parque Nacional de Sete Cidades, no Piauí, fiquei curioso para ver de perto as formações rochosas do lugar.

Trata-se de um processo erosivo único e curioso, no qual as rochas, através do intemperismo de milhares de anos, passam a ter uma textura parecida com escamas de peixe. Diante de minha curiosidade geomorfológica, organizei uma viagem de bike que passasse pelo Parque e que terminasse em Jericoacoara para poder descansar dois dias na praia. Estudando os mapas da região, tentei elaborar um percurso que saísse de Teresina, passando pelo Parque Nacional de Sete Cidades, na sequência pelo Delta do Parnaíba e que terminasse em Jericoacoara.

Após duas semanas trabalhando nesse percurso, zarpei para uma viagem programada para seis dias.

Nos dois primeiros dias, convivi com o gosto amargo do sertão do Piauí. Mal conseguia pedalar com os 39º C que a região constantemente "proporciona"!

A água das caramanholas mais parecia chá. As pontes, pelas quais cruzei, cruzavam por cima do leito rochoso e seco dos rios; sem opção para um banho refrescante. Apesar das inúmeras cercas que pulei, consegui passar pela rota em trilhas que havia planejado na região.


Ainda no segundo dia, visitei o Parque Nacional de Sete Cidades, com esse nome devido aos sete aglomerados de rochas disponíveis para visitação.


Além da interessantíssima formação rochosa no meio do nada, as diversas trilhas que serpenteiam o Parque deram um gostinho a mais em minha viagem. Com meu veículo apropiadíssimo para a visitação ao Parque (bike), "zerei" os pontos que tinha interesse em menos de três horas.

Saindo do Parque, rumei para o Norte, onde se localizava meu segundo objetivo nesta viagem: o Delta do rio Parnaíba. O curioso foi sair de Teresina ao lado deste rio, para após 400 km encontrá-lo em sua foz (local em que o rio se abre em um leque de igarapés até atingir o Atlântico). Contudo, antes de chegar em Parnaíba-PI, passando por algumas trilhas paralelas ao rio, tive a oportunidade de ver de perto como é feito a transposição de um rio. Através do bombeamento da água do rio para canais situados em pontos mais altos, a água atinge localidades desprovidas de água. Porém, trata-se de uma transposição quase na foz do Rio Parnaíba, não alterando tanto o volume e curso deste rio, fato diverso ao caso do Rio São Francisco (polemicamente em processo de transposição).


No dia seguinte, já na cidade de Parnaíba, fechei um pacote com outras cinco pessoas que se encontravam no local e alugamos uma lancha para chegarmos a um dos acessos do rio ao Atlântico.


Com mais alguns registros em minha máquina após visitar o Delta, aproveitei o fim de tarde deste dia para chegar no meu primeiro contato com o litoral piauiense, a vila de Macapá.

Ao chegar no litoral do estado, a dificuldade em pedalar no calor foi gentilmente trocada pelo vento "Tufão" que vem do Leste, direção para a qual me dirigia. Tive que conviver com este vento até Jericoacoara, meu destino.

No litoral, tive que cruzar algumas barras de rio, nas quais os pescadores locais me deram uma "caroninha" em suas embarcações. Entrando no Ceará, optei por entrar um pouco mais para o interior, paralelamente ao litoral, a fim de me proteger do vento contra infernal. Mas, como de costume, resolve-se um problema e cria-se outro. No interior, a falta de uma brisa faz com que o sol castigue ainda mais. Esturricado, cheguei em Camocim, último pernoite antes de meu destino. Tomei a precaução de estudar a tábua da maré, a direção e a intensidade do vento que encontraria no último dia. Feito o planejamento, restou-me aguardar pelo dia seguinte.

Como previra, o vento forte me acompanhou durante todo o trajeto até Jeri. No início do último dia, atravessei a última barra de rio bem cedo e rumei para o Leste. Levei exatas 2 horas e 50 minutos para percorrer os 45 km de areia que separam Camocim de Jericoacoara. Apesar da dificuldade em pedalar contra o vento e na areia, feliz e realizado, tomei a água de coco mais doce de minha última semana!

Em Jericoacoara, descansando por dois dias antes de retornar à "Babilônia", tive meu primeiro contato com o kite surf. No "Rancho do Kite", em apenas um dia, o competente instrutor Mosquito foi capaz de me ensinar as técnicas necessárias para desfrutar de meu primeiro velejo. Inquieto e empolgado com esta nova "brincadeira", já começo a matutar alguma futura "viagem" de Kite. Vamo que vamo...





Manza.

Agradecimentos: