Trilha das Sete Quedas - Chapada dos Veadeiros/GO
Cerrado sempre – vivo(as)
Travessia das Sete Quedas
Era novembro de 1993.
A temporada de triathlon tinha se encerrado e era hora de descansar o corpo e
reestruturar a cabeça para um novo ciclo de treinos. Naquela época, não
tínhamos muitas opções de diversão em Brasília, e, dando um tempo dos treinos,
eu e mais seis adolescentes “sem noção” fomos desvendar uma tal de Chapada dos
Veadeiros.
Eu tinha acabado de
tirar a carteira de motorista e não acreditei quando meu pai me emprestou sua
intocável F-1000 preta para irmos a Chapada.
A F-1000 do Seu Dagô
era adaptada para as explorações espeleológicas dele, detalhe que caiu como uma
luva para nossa gangue, pois, com um banco fixado na caçamba da camionete,
seguimos bem acomodados e incrédulos com a precoce “independência”.
As chuvas já haviam
se firmado no Centro-Oeste, e, analisando com responsabilidade, não era um
programa muito seguro ficar “zanzando” pelas margens do Rio Preto.
Para nós, se
encaixou perfeitamente a situação do “privilégio da ignorância”!
Lá fomos. E voltamos
inteiros e cheios de boas recordações. Alguns nem tanto, como o Kenny, que em
uma das noites se apaixonou por uma garrafa de Sangue-de-Boi e terminou, sem
saber como, no campo de futebol vomitando em cima da pobre garrafa. Já Daniel,
o “Lamão”, apesar de dominar todas as lutas, deixou escapulir seu lado frágil durante
uma pegadinha montada para ele no breu da chapada. O “homi” ficou louco (ou
louca?) com a alma penada interpretada pela molecada.
Sem nenhuma noção de
navegação, exploramos o vale do Rio Preto sem muitos problemas.
Vinte e três anos
depois, de volta a Chapada dos Veadeiros, notei que muitas coisas continuam
iguais. Fui acompanhado por bons amigos, exploramos o vale do Rio Preto e
voltamos inteiros e cheios de recordações. Desta vez, porém, ninguém vomitou
tampouco se revelou!
Curioso para
conhecer a trilha das Sete Quedas, dentro do Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros, convidei o João Paulo e o Luis (companheiros de Antártica) para
fazermos um bate e volta por lá. A ideia era percorrer a trilha em uma tacada
só.
Essa trilha,
normalmente, é realizada em dois dias, tem 23 quilômetros de extensão e
percorre o leito do Rio Preto, passando por diversas cachoeiras. Em sua
extensão é possível apreciar o rico bioma cerrado e notar a imponência do
local. Há a necessidade de reservar a entrada no parque, o que pode ser feito
pelo site do ICMBIO.
Acertados os
detalhes, o João convidou Arthur (amigo que mora em Cavalcante) para nos
acompanhar. Arthur e João Paulo estão entre meus fotógrafos favoritos (vide
fotos neste post).
Entramos no Parque
às 08h30min, após sermos bem recebidos e orientados por gentis servidores.
A navegação é bem
simples, feita por meio de totens muito bem marcados e distribuídos pelo trajeto.
Com seis quilômetros de caminhada, paramos para comer no Cânion I, local onde
registrei novamente, vinte e três anos depois, a imagem do belo cânion.
Sob um dia nublado e
frio, em meio a risadas, contemplações e até uma pequena aula de navegação com
bússola, percorremos extasiados o restante da bela trilha das Sete Quedas. Após
7 horas de trekking, chegávamos ao final da trilha, na GO-239. Lá, depositamos
em uma caixa específica um cartão destinado a sinalizar aos guarda-parques que
“saímos vivos”. Alguns minutos de silêncio e, de longe, nosso resgate nos
avistou. Dentro do Uno, Arthur e sua mulher Isa, Luis, João, eu e o vira-lata
mascote de Arthur e Isa seguimos até São Jorge para um merecido banho.
“A linguagem da
amizade não é de palavras, mas de significados”
Henry David Thoreau
Gratidão aos amigos
de 93, tanto quanto aos de 2016.
Integrantes
da viagem em 1993:
Alexandre
Manzan
Kenny
Souza
Daniel
“Lamão”
André
Manzan
Reco
Alexandre
Franco Vilela
Paulo
Guimarães
Integrantes
da viagem em 2016:
Alexandre
Manzan
João
Paulo Barbosa
Arthur
Monteiro
Luis
Hashimura
Curiosidades da
Chapada:
·
O parque nacional da
Chapada dos Veadeiros é uma unidade de conservação de proteção integral à
natureza localizada na região centro-oeste do estado de Goiás.
·
Em 1912, foi descoberta a primeira
jazida de cristal de rocha da região, o que originou um surto de atividade
garimpeira, incluindo a fundação do Povoado de São Jorge.
·
Diversos viajantes passaram pelo
local ao longo da história:
1. Em 1892, a Comissão
Exploradora do Planalto Central, comandada pelo astrônomo Luís Cruls, expedicionou
pela chapada e região, com a finalidade de delimitar e fazer o levantamento da
área que deveria receber a futura capital do Brasil;
2. Em 1926, a
chapada foi atravessada pela Coluna Prestes;
3. Em 1931, a
serviço do correio aéreo nacional, o brigadeiro Lysias Rodrigues passa
por Veadeiros, vindo de São Paulo em direção a Belém. Seus diários foram
publicados no livro O roteiro do Tocantins.
Fonte:
https://pt.wikipedia.org
Crédito das fotos:
Arthur Monteiro – Ludicaluz.com