We are the world...


Chegar ao paraíso não é mesmo fácil. Estava ansioso para chegar ao local em que seria realizado o Endurance Challenge Agulhas Negras, em Visconde de Mauá - na Serra da Mantiqueira, onde eu correria a prova de 21km. Após o voo de Brasília para São Paulo, peguei um ônibus para São José dos Campos, local em que eu encontraria com o Tani para seguirmos juntos, de carro, por mais 2 horas de estrada.
 
O motorista do ônibus representava muito bem sua categoria: cabelo repartido ao lado, gel minuciosamente espalhado, camisa mais branca que neve, gravata e nó impecáveis. Com um sorriso no rosto, ele destacou meu bilhete e me deu as boas vindas a bordo:
- Em 1h30’ chegaremos a São José. Aproveite a viagem!
Identifiquei meu assento (prefiro as janelas do lado direito) e me instalei. Além de ser o local mais seguro do ônibus, tem-se desimpedida a vista para a paisagem que se apresenta durante o trajeto. Saindo da rodoviária de São José, o motorista deu início a sua “playlist”; uma sequência interminável de músicas dos anos 70 e 80. Apesar do saudosismo que me preencheu, não consegui segurar o sono que pesou em minhas pálpebras.
Na sequência, uma série de sonhos desconexos ocupou meu subconsciente até que algumas imagens psicodélicas se misturaram ao ritmo da medieval canção “We are the world”, aquela pela qual vários artistas gringos (muitos já falecidos, inclusive o Michael!) se uniram em prol de uma causa humanitária. Acho que na década de 80?
E lá se foi: “We are the world, we are the children…We are the world, we are the children…”
- Oh mano! Acorda aí, sangue. O busão já chegô em São josé.
Abri os olhos e me deparei com o mano que estava na cadeira ao lado me acordando. Para minha surpresa, a música continuava e, meio sonolento, desci do ônibus ouvindo:

“We are the world, we are the children… We are the world, we are the children…”


Havia passado uma única vez por Visconde de Mauá, quando fiz uma viagem de bike pela região. Sabia o quanto o local era incrível. Belas montanhas separadas por vales e rios belíssimos. Pela segunda vez em Mauá, lamentei não poder ficar por mais alguns dias e fazer coisas que gostaria e não posso por conta do implacável ritmo de vida moderno. Coisas como passar a tarde lendo um livro na beira do rio, sem hora para começar ou parar, empilhar pedras fazendo totens de diversas formas, conversar com os locais (de preferência os mais velhos), sentir a temperatura cair ao final do dia; enfim, viver um pouco mais o lugar. 


Com uma temperatura típica para a época e o lugar, largamos às 08:00hs em direção ao desconhecido. Pela altimetria do percurso, sabia que os primeiros 12 quilômetros seriam compostos de uma constante e dura subida. Como a segunda metade do percurso seria só descendo e sem muita técnica, tentei decidir a prova na primeira metade. Larguei com um bom ritmo e, ao sair da cidade e entrar na terra, acelerei um pouco mais. Mantive o ritmo até chegar ao ponto mais alto do percurso (1500 m), pois, daquele quilômetro até a chegada, seria só descida. Deixei, então, que a gravidade fizesse um pouco do trabalho.

Com 1h42’57”, cruzei o pórtico de chegada no bucólico centrinho de Mauá. A partir de então, foi só aguardar para ver meus companheiros de equipe chegarem nas outras distâncias ocorridas concomitantemente (50km e 80km). Tendo sido a terceira prova de trial run de 21 quilômetros que corri este ano, acertei minha fórmula ideal para esta distância: 3 Exceed energy gel e 250 ml de Exceed Sport Drink Elite.
Com este “kit” não precisei parar ou pegar água nos pontos de abastecimento, o que me economizou um pouco de tempo ao final.

We are the world....

 
Agradecimentos:
D´stak academia
Kailash Team Neptunia
Exceed
Bike Brothers
Mercado Viagens

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