Patagonia Run 2015
“Des bruits de campagne
montaient jusqu’à moi. Des odeurs de nuit, de terre et de sel rafraîchissaient
mês tempes. La merveilleuse paix de cet été endormi entrait em moi comme une
marée. À ce moment, et à la limite de la nuit, des sirènes ont hurlé. Eles annonçaient
des départs pour um monde qui maintenant m’était à jamais indifférent.”
L’étranger
- Albert Camus
Após três voos com demoradas conexões, faltava ainda um tortuoso trecho de ônibus até a cidade de San Martin de Los Andes, onde iria correr a Patagonia Run (prova de corrida de montanha). Neste trecho, enquanto escutava uma seleção de Parov Stelar e lia o livro L'étranger, de Albert Camus, observava embasbacado o delineamento da imponente Cordilheira dos Andes. Em meio a seus gelados vales, imaginava os imensuráveis "perrengues" passados pelo General San Martin e seus homens durante a vitoriosa luta pela independência latino-americana, ocasião em que cruzaram a pé e a cavalo grande parte dos Andes. Isso em 1817!!
Após três voos com demoradas conexões, faltava ainda um tortuoso trecho de ônibus até a cidade de San Martin de Los Andes, onde iria correr a Patagonia Run (prova de corrida de montanha). Neste trecho, enquanto escutava uma seleção de Parov Stelar e lia o livro L'étranger, de Albert Camus, observava embasbacado o delineamento da imponente Cordilheira dos Andes. Em meio a seus gelados vales, imaginava os imensuráveis "perrengues" passados pelo General San Martin e seus homens durante a vitoriosa luta pela independência latino-americana, ocasião em que cruzaram a pé e a cavalo grande parte dos Andes. Isso em 1817!!
Já no dia 11 de abril de
2015, eu e mais centenas de “guerreiros” cruzamos algumas montanhas e vales da
região de San Martin de Los Andes. Com distâncias variando entre 10 e 120 quilômetros,
escolhi 21 quilômetros para minha luta de libertação pessoal.
Tendo o frio e as
intermináveis subidas como adversários, iniciei minha prova com uma dolorosa tática:
sair forte e determinado, desta forma esperava transpor rapidamente as piores subidas
da prova e, consequentemente, esquentar-me.
Na metade da prova,
exatamente na parte mais alta do percurso, sentia-me aquecido e afortunado com
a bela vista. Dalí até a chegada, desceria aproximadamente 800 metros de
altitude em 10 quilômetros (e solta o freio!).
Por mais incoerente que
possa parecer, a parte mais difícil da prova foi correr os dois últimos
quilômetros (no plano) dentro da cidade.
Muito longe de ser
comparada à luta do General San Martin, minha batalha nas montanhas da
Patagônia tinha o mesmo ideal: “liberdade e soberania”!
Resultados:
1º Alexandre Manzan (BRA) 01:42:12
2º Cesar Aparicio (ARG) 01:48: 18
3º Martin Fiz (ESP) 01:49:28
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*Para saber mais:
San
Martín: o libertador da América
Em oito anos de luta
pela independência, o general cruzou os Andes a pé para livrar Chile, Peru e
Argentina do domínio espanhol. Janeiro de 1817. O vento gélido dos Andes
penetrava fácil nos uniformes esfarrapados de um dos exércitos mais obstinados
das Américas. Os ponchos doados pelas mulheres identificadas com a causa da
libertação não eram capazes de resguardar o calor da tropa. As alturas das
montanhas, que tantas vidas cobraram, eram o primeiro e, talvez, o mais cruel
inimigo daqueles homens. A cada passo, o objetivo parecia ficar mais distante.
Para aqueles que acreditaram no ideal da revolução, não seria diferente. Mas no
comando daquelas centenas de homens havia um general determinado e em busca de
seu grande ideal: um continente livre e soberano.
Quase trinta e nove anos antes, no dia 25 de fevereiro de 1778, num povoado às margens do rio Uruguay chamado Yapeyú, nascia José Francisco de San Martin. O sangue dos colonizadores corria forte em suas veias. Logo aos 6 anos, a ligação de seu pai com a terra natal o levaria pela primeira vez ao Velho Continente. Foi na Espanha que San Martín iniciou sua bem-sucedida carreira militar. Aos 13 anos, ele já participava de seu primeiro combate, durante o sítio à atual Argélia.
Tempos depois, um nobre escocês o apresentou à
maçonaria. Durante os encontros secretos, conheceu o ideal de libertação da
América espanhola e, em 1811, pediu dispensa dos serviços militares. No ano
seguinte decidiu voltar ao Rio da Prata. Em 9 de março de 1812, após 50 dias de
navegação, San Martín desembarcava em Buenos Aires. Na bagagem ele carregava a
experiência de 22 anos de serviço militar e uma lição talvez mais preciosa: a
campanha contra a França lhe ensinara do que é capaz um povo que luta pela
própria liberdade. San Martín encontrara seu ideal.
O árduo treinamento que impunha a seus comandados
fazia resultado. Ele acreditava que o importante era o valor individual de cada
combatente, e não apenas a quantidade de homens de que dispunha. Sua tese
estava certa. Mesmo em menor número, a cavalaria de San Martín saiu vitoriosa.
Aficionado por xadrez, San Martín considerava esse
jogo uma forma de exercitar as habilidades de estrategista. E foi com essas
habilidades que superou seu maior desafio: vencer os penhascos e desfiladeiros
dos Andes. Para mapear o caminho sem despertar suspeitas, San Martín enviou a
Santiago um emissário com uma mensagem ao comandante-geral do então Reino do
Chile exigindo que aceitasse a declaração de independência do Chile. Como era
de se esperar, a declaração foi rejeitada, mas o plano deu certo: na ida, o
emissário cruzou os Andes por um caminho e, na volta, por outro. Enquanto
viajava, tomava nota sobre os trajetos possíveis e, ao reencontrar San Martín,
já tinha o mapa pronto para a grande travessia dos Andes.
Referência
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