Descanso merecido ...
Após a viagem de bike pela Serra da Canastra, fui para Natal/RN para executar um projeto que estava engavetado há um tempo. Minha irmã morou naquela cidade por dois anos devido a um mestrado e, em uma das visitas que fiz à ela, me veio à cabeça a hipótese de correr de João Pessoa a Natal pelas belíssimas prais nordestinas. Por falta de tempo, fiquei um bom tempo "na vontade".
Aproveitando minhas férias, finalmente pude realizar a viagem.
Aproveitando minhas férias, finalmente pude realizar a viagem.
Distância total: 143 km
Média: 11,1 km/h
Duração: 4 dias
Duração: 4 dias
Tempo total correndo: 12h58'
Penerei ao máximo o que iria levar comigo durante a corrida, sem deixar de lado itens fundamentais como minha velha e guerreira máquina fotográfica.
Saí de João Pessoa/PB (praia de Cabedelo) levando em uma mochila de corrida de 10 litros: uma troca de roupa, um boné, 1 GPS, 1 saco bivaque, documentos, um par de tênis, um livro (Le Pourquoi pas? dans L'Antartique), óculos de sol e natação, dois sacos de castanhas, água e minha máquina fotográfica.
O ponto de partida era a balsa de Cabedelo, de onde zarpei às 15:30hs do dia 27 de novembro.
A ideia era percorrer 29 km neste dia, dormindo em Barra de Mamanguape, mas com a avançada hora do dia, não sabia se teria tempo suficiente.
Aproximadamente na metade deste trecho, tive que cruzar o rio Miriri, fato que me custou um tempo precioso, pois tive que ensacar a mochila e o tênis e amarrá-los na cintura a fim de nadar até a outra margem. Quando me equipei novamente do outro lado, já estava escuro. Segui correndo pela areia, já que a maré estava seca. Tinha que chegar em algum canto para poder pernoitar. Faltavam ainda uns 12 km até Barra de Mamanguape quando a lua cheia nasceu. Não conseguirei escrever aqui a beleza da situação, sozinho, à noite, em uma praia deserta, com a lua cheia servindo de holofote para meu caminho. O reflexo prateado da lua no mar aumentava ainda mais a claridade.
Em vários momentos tive que parar para desfrutar daquela cena. Diante desse astral, só fui checar o GPS uma hora após a travessia do rio, quando percebi que estava à 1 km de Barra de Mamanguape. Com sorte, consegui acordar um dos moradores da vila e negociar um local para o pernoite.
Me atrasei para começar a correr no segundo dia devido à travessia do rio Mamanguape, pois até conseguir um barqueiro para fazer a travessia, custou-me uma hora. Na sequência do rio Mamanguape, optei por correr um pouco por trilhas que cruzavam algumas aldeias indígenas que se situam no local. Apesar da bela experiência de ter visto os índios de perto, fiquei um pouco decepcionado ao notar a influência que o branco impôs a essa etnia. Voltando para a praia, cheguei a Baía da Traição, onde tentei comer alguma coisa a fim de me abastacer para a segunda metade do dia. Com a maré já alta, tive que voltar a correr por trilhas no interior. Contudo, a vista que tive chegando em Barra de Camaratuba foi indescritível. Uma das mais belas barras de rio que conheci. Dali até a divisa com o Rio Grande do Norte, corri pela praia, chegando em Sagi já a noitinha. Sagi é uma pitoresca vila de pescadores ainda pouco corroída pelo turismo.
3º dia: 37 km Praia de Sagi-RN à Pipa No terceiro dia, pretendia chegar em Tibau do Sul para poder correr um pouco menos no último dia. Saí de Sagi, onde registrei mais algumas preciosas imagens em minha máquina. Aproximadamente dois quilômetros antes de Baía Formosa, avistei um belo trecho de corais expostos na praia, oportunidade em que decidi eternizar aquele momento. Contudo, ao apalpar o bolso lateral da mochila onde carregava a máquina, senti a pior sensação da viagem. Tinha perdido minha velha máquina fotográfica, companheira de tantas aventuras, responsável por inúmeras imagens deste blog. De imediato, voltei por onde havia corrido até o ponto de onde tinha tirado a última foto, mas a maré já vinha subindo há algum tempo, de modo que a água já havia levado minhas pegadas na areia e também minha fiel companheira de viagens.
Adeus! Fiquei meio triste por perder todo o registro da viagem, mas tenho um backup delas em minha cabeça! Aprendi naquele momento que devo observar e apreciar melhor as coisas ao meu redor. Cheguei em Pipa no final do dia, quando fui impedido de passar pela última praia antes da vila devido ao andamento das filmagens da próxima novela da globo. Só o que me faltava naquele dia!
Já mais adaptado à perda dos registros da viagem, iniciei meu último dia de viagem às 11:00hs, quando a maré se encontrava seca, fato que me proporcionou correr na parte mais dura da areia por um bom tempo. Por volta das 13:30hs, parei na praia de Tabatinga a fim de comer uma tapioca na Casa das Tapiocas, lugar bem tradicional da região, onde se pode ver a confecção das tapiocas no forno à lenha. Após a digestão, segui em direção à praia de Cotovelo, meu destino final na viagem.
Às 15:00hs terminava a empreitada de 4 dias e 135 kms. Na chegada, me esperava meu amigo Cid Barbosa, que, com sua máquina de fotos em mãos, registrou as únicas imagens que tenho da viagem.
Para descansar da viagem, fui com Cid, Alvinho e Rasam para a Pedra da Boca, local próximo de Natal, onde eles treinam mountain bike e corrida em trilha. No local, fiquei abismado com a beleza natural e as possibilidades de treinos.
Do mountain bike à escalada, dá para se divertir muito na região. Mais que bons treinos, demos boas risadas e concordamos em uníssono em como a vida boa é a mais simples.
Indo para o aeroporto de Natal, lamentei mais uma vez a perda de minha máquina fotográfica. Mas, a fim de me consolar, Cid me disse que ela (a máquina) havia morrido fazendo o que mais gostava....
Descanso merecido!
Abraço
Manza