Xterra Sta Bárbara, trekking no Caraça e otras cositas más...
Há dez meses não fazia uma prova do circuito Xterra. Por conta de alguns projetos pessoais, andei sumido deste meio. No dia 30 de junho deste ano, na etapa de Santa Bárbara - MG, voltei a sentir o gostinho do Xterra!
Lá, perguntaram-me sobre as razões de meu "desaparecimento" e decidi, então, deixar aqui algumas considerações sobre a vida, o esporte e um pouco mais...
Desde então, divido minha rotina em três partes (além da minha vida pessoal): treino, trabalho e viagens.
Trabalho (só) porque preciso, treino porque sou dependente mesmo e viajo para aprender um pouco de cada lugar por onde passo.
Porém, é muito difícil levar uma vida "cronometrada" por anos a fio, o que consegui fazer até o ano passado, quando vi que tinha que degustar meus dias com mais parcimônia!
Correr várias provas durante o ano demanda dedicação, persistência e, acima de tudo, abdicação. Talvez seja este o fator que mais sobressaiu em minha balança na oportunidade em que "pesei" o que estava abdicando a fim de correr um circuito com várias provas.
Viagens, expedições, lugares, pessoas, experiências...
O primeiro fato é que, como disse Niemayer, "a vida é um sopro";
O segundo fato é que ou nos ocupamos de viver ou nos ocuparemos de morrer;
O terceiro fato é que eu estou atrasado em relação a meu cronograma de vida!
Por isso mesmo, há que se questionar a real necessidade e a lógica de muitos de nossos hábitos. Uma vida mais simples é bem possível e beeem mais fácil de se levar!
O que aspiro é poder levar minha vida sem interferências de um molde concebido para dar lucro. O que isso tem a ver com o esporte? Tudo. Compra-se a bike mais cara, o tênis mais caro, meia de compressão, alargador de nariz, enfim, uma série de produtos e hábitos que se tornarão "obsoletos", diga-se inúteis, cedo ou tarde.
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Saímos para pedalar eu, Ernani e Moleta juntos, com um forte pelotão logo atrás em que se encontravam Rodrigo Altafini, Cid Barbosa, Mateus Gil e o gringo que estava na prova.
O percurso de mountain bike se tornou mais divertido na segunda metade da prova, quando algumas subidas e descidas se revezaram até o final, tendo como pano de fundo a belíssima serra do Caraça.
Nesta etapa, terminamos eu e o Moleta juntos, apesar de eu ter sofrido para acompanhar o curitibano no pedal.
Na última etapa, 9 quilômetros de corrida, corri praticamente dentro do planejado (apesar da difícil e interminável subida no km 3,8), fechando a prova em primeiro lugar com o tempo de 1h 59' 53".
Levamos uma máquina de foto, um GPS Garmin 310 XT, duas lanternas de cabeça, dois anoraks, um pacote de amendoim, um pacote de biscoito água e sal, duas garrafas de água e os mesmos trajes com que fizemos a prova no dia anterior! Desta forma, não podíamos pensar na hipótese de errar e ter que pernoitar no mato.
Chegamos no colégio do Caraça às 12:00hs do domingo e, depois de burlarmos a segurança por não termos um guia para a subida, seguimos em direção à cachoeira Cascatinha, de onde sai a trilha para o Pico do Sol. Comecei batendo cabeça para achar a trilha e, após verificar a avançada hora do dia, estabeleci como "point of return" às 15:30hs.
Como estávamos leves, subimos rápido até o ponto onde a trilha se desfaz por conta das lajes de pedra. Neste ponto, de onde se segue trepando pedras pelo leito de um riacho serra acima, bati cabeça para achar o caminho novamente, fato que nos custou a conquista do cume.
Com as pernas doídas do Xterra e açoitadas pelo mato do cerrado, voltamos para Belo Horizonte ainda incrédulos com a paisagem da Serra do Caraça.
A vida é agora!
Agradecimentos:
Traveler.com
Kona Bikes