A salvadora rapadura de Dna. Irene
Santa Catarina - setembro de 2010
Há algum tempo já havia combinado com o amigo Alexandre Ferreira de fazermos uma viagem de bike pelo "vale europeu", local colonizado por alemães e italianos no estado de Santa Catarina. Após muitos e-mails tentando organizar nossa viagem, conseguimos conciliar a segunda semana de setembro para realizarmos esta nova empreitada. O mais interessante (fora a viagem de bike, é claro!) foi poder observar a cultura europeia mantida nas pequenas cidades do interior deste estado.
Percorremos um total de 350 quilômetros em cinco dias, fazendo uma média de 70 quilômetros. Pernoitamos quatro noites nas cidades de Pomerode, Rodeio, Dr. Pedrinho e Palmeiras. Em uma dessas cidades, precisamente em Rodeio, nos hospedamos na casa de um casal de aposentados que resolveram abrir as portas de casa para hospedar mochileiros e bicicleteiros que frequentam a procurada região.
Segundo Dna. Irene, dona da casa, eles decidiram montar uma pousada para que pudessem, além de complementar o apertado orçamento de um casal de aposentados, se distrairem e se confraternizarem com as histórias e experiências dos aventureiros que passam por lá. E realmente, por um dia, entendi o que ela havia dito e me senti bem próximo dos dois. Enquanto assistia a novela e mostrava fotografias dos filhos, os quais se mudaram cedo para ganhar a vida na cidade grande, Dna. Irene contou-nos um pouco de suas trajetórias e questionamentos.
No dia seguinte cedo, ao partirmos, Dna. Irene nos deu um pacote com alguns pedaços de rapadura com amendoin. Naquele momento, aquela rapadura não parecia ser a melhor opção nutricional para um longo dia de pedal. Mas, aceitei a oferta pela boa intenção daquela senhora.
Um dia após termos deixado a casa de Dna. Irene, estávamos com 60 quilômetros rodados e quase três horas de pedal. Já me sentia fraco com o cansaso acumulado e percebi que minhas barras energéticas haviam acabado. Continuamos pedalando por algum tempo até que a coisa ficou feia para mim! Estava quase com uma hipoglicemia quando parei para ver se achava alguma comida na bagagem. Revirei tudo e nada. Até que me deparei, bem no fundo do alforje, com aquela "suculenta" e revigorante rapadura...
Santa Dna. Irene!
Agradecimentos:
Rapadura da Dna. Irene!