quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Travessia de caiaque na Represa de Furnas/MG - out/2018



Em meu tempo de primário, era extremamente difícil assimilar e cumprir sem questionar (e muito!) a lógica do currículo escolar. Naquele tempo, cumpríamos oito anos no primeiro grau para, então, entrarmos nos três últimos e decisivos anos antes de escolher o que se queria da vida. Apesar de não saber o que quero fazer da minha vida até hoje, vejo o quanto aquela sequência interminável de anos na escola me ajudou a estabelecer cronogramas lógicos e ter paciência em minhas expedições. Não há como encurtar a distância entre dois pontos. É preciso encarar e transpor o que vier pela frente. Uma montanha, uma tempestade, um pneu rasgado, árvores caídas no caminho, um caiaque virado, nada disso pode ser evitado na busca de um objetivo. É imprescindível saber lidar com os percalços. Como nos saudosos tempos de escola, há que se administrar e transpor os momentos difíceis, aproveitando cada ensinamento e experiência para se alcançar um “diploma”, ainda que isso fosse um saco para um garoto sedento por brincar ao ar livre.  
Em todas as minhas viagens, seja de caiaque, de bike ou a pé, chega um momento em que cada quilômetro se torna um tormento. Vem aquela vontade quase incontrolável de largar tudo, acabar com o sofrimento e voltar para casa.
Nessa última viagem que fiz de caiaque, ao me deparar com essa maldita vontade, lembrei-me muito de meu martírio escolar e, meditando durante as sofridas remadas, fortaleci minha vontade de concluir o trajeto que havia traçado (não há pior sensação no mundo que não concluir um projeto). 
Das dificuldades envolvidas em realizar uma viagem de caiaque, a mais evidente, por mais ridículo que pareça, é achar uma companhia. É fato que o universo de remadores que conheço já é extremamente reduzido. Ainda assim, dessas dez pessoas, já descarto a metade, por conta da intransigência matrimonial. Os cinco restantes, normalmente, vão se esquivando na medida em que a data de partida se aproxima. As desculpas são as mais surpreendentes: “Estou sem dinheiro” (o cara recebe o dobro do meu salário!), “Não consegui folga no trabalho” (é dono do próprio negócio), “Acho que a previsão de tempo não é boa” (realmente, não se trata de uma viagem da CVC turismo).
De qualquer forma, no fundo eu estava precisando ficar só. O ano havia sido difícil. Precisava esfriar a cabeça, “atualizar o software”. Ouvir o que eu tinha para dizer pra mim mesmo. E assim fui. Só e bem acompanhado!
Meu objetivo era atravessar a parte mais longa da represa de Furnas. Para tanto, abri o mapa e tracei uma rota saindo das proximidades de Alfenas/MG e chegando à barragem da represa, percorrendo 120 quilômetros no sentido sudeste – noroeste. Desta forma, precisaria de um apoio para me deixar no local de partida e me resgatar na chegada. Dagoberto Manzan (meu pai) era a pessoa indicada para esse fardo. Após incontáveis e tediosos resgates, achei que seria difícil convencê-lo novamente, mas seu espírito paterno prevaleceu e o Dagosão aceitou entrar em mais uma de minhas roubadas.      
Saímos de Brasília apreensivos com a chuva. Em Catalão o céu desabou e a torrente nos seguiu até Uberaba. Contudo, preferi ter fé na previsão meteorológica para os dias seguintes.
Para o local da partida, eu havia escolhido a ponta de um dos braços da represa de Furnas, mas ao chegar ao local, encontrei uma área pantanosa, sem condições de remada. Era o primeiro sinal de que a represa estava bem abaixo de seu nível normal.  Eu tinha previsto essa possibilidade na fase de planejamento e, por conta disso, havia outro local como “backup” para a saída. Na Ponte das Amoras, as condições não eram perfeitas, mas funcionaram para meu zarpar.
Elaborei um criterioso checklist de equipamentos necessários para minhas viagens de caiaque. Desta forma, em questão de minutos, consigo organizar todas as bugigangas e suprimentos que levarei dentro do meu barco.
A lista de tralhas parece longa, mas quando tudo está organizado dentro do caiaque, a fisionomia da embarcação se torna extremamente “clean”. Sendo muito organizado (chegando a ser chato), eu estabeleci um protocolo de organização para os equipamentos. Tudo tem seu lugar predeterminado de acordo com a necessidade e urgência de uso. Como exemplo, todo o material relacionado ao acampamento vai no fundo dos estanques. Já os equipamentos de emergência (bomba de água, remo sobressalente, anorak, lanterna de cabeça, comida e fogo) ficam sob o cockpit, de modo a serem alcançados facilmente. Bússola, mapa e GPS seguem em meu colo (sobre a saia). Por fim, o material de registro (máquinas de filmar e fotografar) ficam fixadas na parte externa do caiaque, prontas para qualquer cena. Essa lógica organizacional nada mais é que o fruto de tentativas e erros em tantas outras viagens.
Despedi-me do Dagô às 12h30min, conferi a rota no GPS e dei as primeiras remadas da viagem. Por conta do baixo nível do reservatório e de estar próximo a um dos rios que alimentam a barragem, a tonalidade da água era bem turva. O tempo estava encoberto e propício para o plano. Passando por inúmeras fazendas às margens da represa, eu observava a alteração que a inundação da represa gerou na paisagem. A energia elétrica, definitivamente, não é totalmente limpa.
Pouco a pouco eu ia ganhando quilômetros, e com isso a tonalidade da água ia se tornando esverdeada, sinal de que eu remava sobre águas profundas e mais paradas.  
Ao passar pela margem de uma das fazendas, aproximei-me de um rebanho de bovinos que se hidratavam. Interessante a reação do gado. De início fugiram, provavelmente achando que eu fosse um predador grande (talvez um crocodilo amarelo!). Após se acostumarem com minha fisionomia, retornaram lentamente à margem e me seguiram por um tempo, desta vez achando que eu fosse abastecê-los com ração ou sal, como de praxe é feito nas fazendas.
Passamos recentemente por uma crise hídrica em Brasília e, como geógrafo, sei bem as causas e consequências disso. Durante minha remada pela represa de Furnas, pude constatar que a crise hídrica se trata de uma “doença” pandêmica no território brasileiro. A ingerência somada ao crescimento demográfico e à falta de consciência no uso da água secaram nossos reservatórios. Em Furnas observei atônito uma faixa de terra exposta de aproximadamente 15 metros. Muito triste!
Com doze quilômetros remados, olhei minha posição no mapa e observei a comprida linha que ainda teria que seguir até meu destino. Naquele ponto, traçando um paralelo com meus anos escolares, eu me situaria no terceiro ano primário. Não estava claro ainda como seria possível terminar a longa e penosa “jornada”.   
Ainda que eu tivesse saído tarde, consegui imprimir um bom ritmo de remada e, ao chegar ao ponto onde havia planejado dormir minha primeira noite, resolvi esticar um pouco mais a fim de garantir alguns quilômetros que poderiam adiantar meu cronograma. No fim da tarde, acabei pegando um pouco de chuva.   
A vantagem em adiantar a programação é que se ganha crédito de tempo para imprevistos, mas fica a incerteza de achar um local viável para dormir. Não é simples encontrar um local plano e limpo nas margens das represas e rios. Quando passo da hora ou do local planejado para o pernoite e sigo sem achar uma brecha na margem, sinto a mesma sensação de quando chego tarde a uma cidade com lotação esgotada nos hotéis. É osso! A noite vai te engolindo lentamente e não há muito o que fazer. É seguir remando e procurando.   

Encostei na margem para lanchar, próximo a um barranco exposto pelo baixo nível da água. Ao desembarcar do caiaque, observei uma grande quantidade de carcarás se alimentando. Curioso por conta da quantidade dessas aves, aproximei-me para tentar entender o porquê da concentração. Andando pelo barranco, deparei-me com uma enorme quantidade de carcaças de peixes. Era espinha de peixe pra todo lado. Daí a razão para tantos carcarás. Tentei supor o motivo de tantos peixes mortos, mas fiquei apenas na indagação. Interessante que as centenas de carcaças se concentravam apenas em um raio de cem metros. Avaliei se havia uma descarga de agrotóxicos em volta, ou se alguém teria pescado e deixado as sobras de peixes ali, mas nenhuma das hipóteses era certa. Sem resolver o dilema, registrei o local em meu mapa como “Deadfish beach” (praia dos peixes mortos) e segui.
Quase anoitecendo, encontrei um local “ligeiramente” seguro para dormir. Um pouco escondido dos curiosos e não tão próximo de árvores, supus ser confiável. Afinal, eu me preocupava com a possibilidade de violência e de raios.
Após o jantar, consegui sinal de celular e passei as coordenadas do ponto onde estava para meu pai. Aproveitei para pedir a Lívia que me passasse a previsão meteorológica para o dia seguinte. Antes não tivesse pedido! Chuva e raios pela manhã!
Às 20h27min, o céu fechou e a ameaça de chuva aumentou. Raios e trovões a distância se alternavam. Há um método dito confiável para saber a distância que nos separa de uma tempestade. Ao ver o clarão do relâmpago, conta-se quantos segundos após se ouve o trovão. Divide-se o tempo por três e se tem a distância em quilômetros. Coloquei em prática essa técnica e percebi que a tempestade estava a menos de dois quilômetros de meu acampamento. Rapidamente, preparei-me para o pior. Coloquei tudo dentro da barraca, lacrei os estanques do caiaque, acocorei-me em cima do saco de dormir e do isolante térmico e comecei a rezar! Parecia que eu me preparava para um furacão, tamanha era minha apreensão. Poucos minutos depois a tempestade caía sobre a barraca. Com a água, eu não me preocupava tanto, pois confiava na competência da barraquinha. O problema eram os raios. Clarões constantes preencheram o teto da barraca por duas horas. A cada trovão, um alívio. Não me acertou desta vez...
Apesar do risco de raios que a chuva trazia, a preocupação com os “larápios” tinha passado - bandido não gosta de se molhar! 
Iniciei o segundo dia de remada com vento contra. E assim ele permaneceu durante todo o percurso. Progressão lenta, paciência testada e braços doloridos. Foi o resumo do dia. Remar contra o vento significa permanecer quicando dentro do caiaque ao sabor das marolas na proa. Fora esse desconforto, há ainda o fato de ter que lidar com constantes borrifadas de água no rosto. Além do esforço físico para cortar o vento e as marolas, a situação cobra um preço moral. É desanimador olhar para margem e não sentir a evolução da embarcação. Por fim, há ainda a inconveniência de ter que fechar a boca do cockpit para manter o interior relativamente seco. Em dias quentes, esse procedimento gera um calor infernal nas pernas.
Tinha combinado com o Dagô de nos encontrarmos na “Ponte Torta”, onde eu o atualizaria sobre o andamento da viagem e reabasteceria minhas provisões de água. Sem contar aquela coca gelada que ele levaria de presente. Foi perfeito!
Acabei passando direto pelo local onde planejara dormir. Mais à frente, já ao final do dia, fui impedido de acampar próximo a uma propriedade. Continuei remando para não arrumar problema. Fato é que as margens da represa não são propriedades particulares. É área da Marinha. Porém, assim não “pensam” os fazendeiros.
Dois quilômetros à frente, parei em outro sítio para pedir autorização para o pernoite. Aportei o caiaque na margem e, subindo a encosta, encontrei uma assustadora Jiboia de mais de um metro. Tenho uma péssima relação com cobras. Não gosto mesmo. Mas tento me acostumar com esse bicho sempre que tenho contato. Peguei um galho de um metro e meio e fui tentar dialogar com a “moçoila”. Cuidadosamente, ergui sua calda e esperei que se mexesse. Nada. Imóvel. Sabia que não estava morta, pois mexia sua língua regularmente. Minha tensão diminuiu e criei mais confiança com o réptil. Foi então que tentei levantá-la do chão a fim de levá-la para uma mata próxima, quando ela, emitindo um som alto e áspero, deu um bote em minha direção. Apesar de estar em uma distância segura, o recado foi bem dado. Que susto! Larguei o galho em um canto e, vencido pelo medo, fui buscar abrigo longe dali. Havia uma outra propriedade um quilômetro depois. Foi a salvação. O dono do rancho (meu xará!) me recebeu muito bem. Após montar minha barraca, o Seu Alexandre me convidou para comer algo em sua casa, onde ele recebia uma visita da cidade. Entre tantos “causos”, o assunto política não ficou de fora. Com uma sensatez incrível, meu xará contou detalhes de uma época difícil do Brasil, parecida com a atual, quando seu bisavô, tentando reorganizar as finanças da família, disse para o pai de Seu Alexandre, acariciando a cabeça do neto: “As coisa não tão boa fio, mas eu teim dó memo é desse aqui ó”!     

Confirmando a previsão, o terceiro dia de viagem amanheceu bonito e quente. Sem vento, o calor seria minha companhia durante dia. Conferindo o mapa, observei que eu havia remado três quartos do percurso até então, situação que me posicionaria no primeiro ano do segundo grau em um paralelo com meu currículo escolar. Havia ainda a parte mais importante, três anos de foco nos estudos a fim de decidir minha vida. Voltando à remada, os quarenta e cinco quilômetros que faltavam seriam decisivos para o sucesso de minha expedição. Passaria por um longo trecho, cheios de lanchas apinhadas de bêbados cruzando meu caminho.
Logo no início do dia, avistei algo se mexendo na água a uns cinquenta metros da proa do caiaque. Achei que fosse uma cobra, mas havia um volume muito grande para fora d’água. Descartei ser um réptil. Ao me aproximar, surpreendi-me com o que vi. Uma pata acolhia suas quatro crias na longa travessia da represa. Acompanhei por um tempo a saga da mãe pato na dura labuta de proteger seus filhotes. Era incrível como a pata estava totalmente vulnerável com seus inofensivos patinhos. Ainda assim, a mãe pato, mesmo sem entender o que era aquele grande objeto amarelo em seu rastro, não se desligava das crias de modo algum, mesmo que isso pudesse por sua vida em risco. A natureza é sábia.
Remei quinze quilômetros até o ponto onde eu havia combinado com me pai de atualizá-lo acerca de minha evolução.
Na ponta de uma península estrategicamente selecionada, eu teria uma boa recepção de sinal de celular. Tentei por meia hora falar com o Dagô. Caixa postal direto!
Havíamos planejado dormir próximo ao ponto de contato, mas, sem conseguir falar com ele, não havia como decidir nada. Alguns minutos depois, me veio a ideia de ligar para minha mulher e pedir que fizesse contato com o Dagô e o orientasse a se dirigir para o ponto final da remada. Isso aumentaria em quinze quilômetros o trecho estipulado para o dia, mas, diante da falta de contato, seria melhor sofrer um pouco mais e esticar a remada que ficar esperando indefinidamente uma conexão com meu resgate.
Seguindo adiante, entrei no trecho mais perigoso da remada. As margens da represa iam se afunilando à medida que eu me aproximava dos cânions. Isso significaria transitar com meu caiaque em meio a inúmeras lanchas “cegas” num espaço relativamente reduzido. Por outro lado, a paisagem ia se transformando e se tornando incrivelmente deslumbrante. Paredes de pedras de quase cem metros de altura surgiam da linha d’água.
Até esse ponto, eu vinha remando por margens relativamente planas, com discretos morros no horizonte. Adentrar no primeiro cânion foi uma mudança de paradigma. Se até então eu podia sentir a água a cada remada, nos cânions eu passei a sentir também o relevo da região. As paredes do cânion podiam ser tocadas ao deslizar meu caiaque. O cenário mudara completamente. O céu ficara restrito a uma pequena faixa entre as paredes, reduzindo, inclusive, a luminosidade em meu trajeto.
Observar as paredes do cânion foi como ter uma aula de geologia em campo. Totalmente didático tocar e entender os contorcionismos das camadas sedimentares. Um espetáculo natural. Uma lição de humildade. Imaginar há quantos anos aquelas formações estão ali; conjecturar a violência dos movimentos e adaptações geológicos necessários para constituir aquela paisagem. Realmente incrível!
Eu seguia impressionado com a grandeza e beleza do local quando me deparei com uma cachoeira no final do cânion. Quase cem metros de queda. Por conta da inundação da represa, foi possível tocar a queda d’água de dentro do cockpit. Lugares assim mostram a versatilidade de uma embarcação como o caiaque. Das três cachoeiras que visitei a bordo do meu barco, nenhuma delas se acessa com lancha.
Seguindo minha rota, havia ainda um último cânion a ser visitado antes de finalizar a viagem. Entrando pelo corredor de parede de pedras, eu não imaginava o que estava por vir. Achei que nada mais me impressionaria. Com as bordas do cânion se fechando cada vez mais e árvores mortas roçando o fundo do meu caiaque, sabia que o final do trecho navegável estava próximo. Fiz uma última curva e o caiaque encalhou. Não havia mais como remar. Saí do caiaque e andei pelo riacho de águas transparentes. Dez metros à frente, entrei em um anfiteatro de pedras com um pequeno poço no meio, onde desaguava uma discreta cachoeira entre as pedras. Fiquei abismado com a beleza do lugar. Uma paisagem de calendário! E eu, sozinho, bem ali, no meio do cânion, em Minas Gerais. Surreal!
Meia hora depois, em êxtase, eu tomava consciência de que ainda tinha alguns quilômetros para concluir a remada. “Acordei” do devaneio que aquele lugar havia me levado e toquei em direção ao Clube Náutico, onde esperava encontrar meu pai.
Com o sol se pondo, eu avistava de longe o ponto onde finalizaria a viagem. Ainda que eu não tivesse, de fato, concluído a remada, eu já desfrutava a deliciosa sensação de conquista. Mais uma!
Já “desencanado” dos detalhes e problemas que minha viagem outrora cobrara, pude, enfim, me dedicar à introspecção. Aquela água calma, lindamente dourada pelos últimos raios de sol, o cíclico som das remadas e o corpo tomado pela endorfina, levaram-me a um divã imaginário. Sem perceber, saí da remada e divaguei por alguns entalhes da minha vida. Preciosos minutos avaliando meus passos, decisões e frustações. Uma verdadeira higiene mental. Pouco tempo depois, “de volta ao meu caiaque”, encontrei com o Dagô no Clube Náutico.
A conclusão da viagem, voltando ao paralelo com meu currículo escolar, foi como receber o diploma de segundo grau. Terminara uma longa e penosa jornada após momentos de impaciência e descrença. Um pouco mais “maduro”, eu podia certamente enxergar novos horizontes a serem conquistados. Da mesma forma como vislumbrara ao deixar o colégio Objetivo, há vinte e sete anos!

1º dia – 26/10
Saída: 12h30min
Dist: 37,8 km
Tempo: 4h42’
Média: 8 km/h

2º dia – 27/10
Saída: 08h35min
Dist: 36,9 km
Tempo: 05h35’
Média: 6,6 km/h

3º dia – 28/10
Saída: 09h30min
Dist: 47 km
Tempo: 06h25’
Média: 7,4 km/h