quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Carnaval 2015


Nos anos 90, eu e alguns amigos do triathlon costumávamos trocar a folia do carnaval por uma viagem de bike pelo interior de Goiás. Fizemos muitas, até que a vida foi separando nossos caminhos. Este ano, senti saudade daqueles carnavais e, por isso, tentei reunir a velha turma de viagens a fim de resgatarmos os bons momentos e treinos daquele tempo.

 

 
Chamei o Marcelinho, Buiú, Zé do Pedal, Dentinho e João Carlos. O Marcelinho disse que iria viajar, o Buiú alegou ter que cuidar dos filhos, João Carlos, mesmo no feriado, teria que dar treino a seus atletas, Dentinho pulou fora, e, por fim, o Zé do Pedal, que eu achei que honraria a turma, admitiu que tinha que cuidar dos gatos de sua vizinha que iria viajar, vai entender?!!
Lá fui eu sozinho. De novo!


 

Saindo de Anápolis, explorei a região noroeste de Goiás, totalizando 400 quilômetros de pedal.
Ainda que sozinho, foi muito bacana reviver aquela época: as bucólicas estradas vicinais de Goiás, as fazendas na beira da estrada, as “currutelas” paradas no tempo, entre outras coisas.  
Um saudosismo me preencheu ao chegar a Ouro Verde de Goiás e passar em frente à igreja matriz, adentrar o principal boteco, escutando o barulho dos tacos de minha sapatilha no ladrilho, e pedir uma Coca gelada.
Do outro lado do balcão, um senhor de chapéu de palha, com a pele enrugada e curtida pelo tempo me perguntou já abrindo a desejada Coca KS:
- Sê lái vem di ondi nesse calorrr?
Sem tirar os olhos da garrafa de Coca, respondi:
- De Anápolis, amigo.
Com um pedaço de palito pendurado em um canto da boca, o velho comentou:
- Pra quê sê faiz isso?
Dei de ombros, pois na situação em que estava, admito que não encontrei palavras para explicar o sentido de viajar de bicicleta com o calor infernal que fazia. Preferi dar um belo gole na Coca Cola, suspirar e aguardar outra oportunidade para responder. 



Chegando a Nerópolis, avistei uma pessoa vendendo água de coco embaixo de uma árvore frondosa. Ao me aproximar, dois minúsculos vira-latas dispararam em minha direção latindo estridentemente, quando o vendedor de coco gritou de lá:
- Huuuuck.  Shakiiiiira. Dêxa u ômi chega, Uai!
Aliviado com a obediência dos imponentes cães, sentei-me sob a sombra da árvore e me reidratei com dois cocos.   
Já em meu carro, retornando a Brasília ao som da antiga banda “Nenhum de Nós”, fazia uma recapitulação da viagem: as belas paisagens, o céu limpo do interior, as verdes pastagens, as longas subidas, a vida pacata das cidadezinhas e tudo mais!

O que posso dizer aos meus velhos companheiros de viagem?
O Goiás continua bão!, é claro!

 

Ab.

Manza