segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Wilderness Advanced First Aid


 
Há um tempo, buscava um curso de primeiros socorros e resgates em áreas remotas para fazer. Após a indicação de um conhecido, acabei me inscrevendo no WAFA - Wilderness Advanced First Aid, que se realizaria no estado do Rio de Janeiro.  
Contudo, antes de seguir para o referido curso, em Guapimirim/RJ, fiquei um dia no Rio a fim de escalar alguma das muitas paredes da cidade. 





O Luis havia sugerido tentarmos escalar a via "Patrick White" no Irmão Maior do Leblon, uma clássica e impressionante via. Chegamos tarde no local de início da via, visto que demoramos para achar a trilha que dá acesso ao morro. A primeira impressão da via já é intimidadora, dá um belo frio na barriga.
 
Um diêdro longo e clássico.
Após alguns minutos nos equipando, entramos na via. Tendo que garantir a segurança com vários móveis (pois não se tem muitos grampos na via), demoramos para progredir.  Duas enfiadas concluídas e já nos encontrávamos na metade da tarde. Por conta da viagem que teríamos que fazer para Guapimirim ainda no memso dia, resolvemos rapelar e descer. Apesar de não ter "feito cume", foi uma bela e impagável experiência. 
 

O Wilderness Advanced First Aid é um curso realizado pela Wilderness Medical Associates International compreendendo treinamento médico desenvolvido para profissionais remotos ou líderes outdoor que aventuram-se em ambientes desafiadores e remotos.
 
O WAFA foi realizado no Parque Estadual dos Três Picos, em Guapimirim/RJ, entre os dias 10 e 13 de outubro. A medicina para áreas remotas diferencia-se significantemente dos primeiros socorros padrão e outros treinamentos que são direcionados para ambientes urbanos. O curso ensina a administrar emergências médicas quando hospitais e serviços de resgate podem não estar disponíveis por períodos extensos. O curso prepara alunos para situações de emergência que envolvem o cuidado prolongado ao paciente em ambientes severos e com equipamentos improvisados.
Durante o treinamentro, foram abordados três problemas:
  1. Cuidado extensivo do paciente quando horas ou dias o separam de cuidado definitivo;
  2. Ambientes extremos: calor, frio, altitude, cada um apresenta suas próprias ameaças significativas e atuam como amplificadores para uma pessoa ferida;
  3. Recursos limitados com equipamento e pessoal.

  
Vítima de hipotermia
 
 
 
 
Suporte para carregar vítima, improvisado com uma corda



Manuseio de vítima com provável lesão de coluna












Maca improvisada







       



Procedimento para movimentação de vítima de lesão na coluna.





 



Simulação de acidente em local de difício acesso.
 
Após quatro dias intensos de instruções e avaliações, aprendi muito. Por estar sempre indo a lugares inóspitos e hostis, foi de grande valia o aprendizado adquirido no curso. Espero nunca ter que usar! 
Abraço
 
Manza.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Volta do Baú - E viva o Seu Zico...



Ecomotion Volta do Baú
Distância: 30 km
Local: São Bento do Sapucaí/SP
Ascenção acumulada: 2000 metros
Data: 05/10/2013

Apenas três dias antes da prova, pude confirmar minha participação. Isso porque sabia da correria que seria viajar, correr, viajar e retornar para trabalhar no dia seguinte. Mas não resisti quando vi o mapa do percurso e a assustadora altimetria da prova. 
Para chegar a São Bento, tive que pegar um voo para São Paulo, um ônibus de Sampa para São José dos Campos e mais outro de lá até São Bento. Cansado e de saco cheio de viajar, não imaginava o que estava por presenciar no último trecho. A viagem de São José dos Campos até São Bento dura aproximadamente duas horas. Desde a saída, percebi que algumas pessoas se conheciam dentro do ônibus. Eram aproximadamente 19:00hs quando um senhor, com mais ou menos 85 anos de idade, solicitou que o motorista parasse para que ele descesse na entrada de sua propriedade, próxima da rodovia. O tal velho tinha estatura mediana, um aspecto descuidado, barba por fazer, usava uma par de botas sete léguas e portava um típico chapel de caipira. Após o desembarque do velho, seguíamos viagem rumo a nosso destino, quando ouvi uma voz grossa e alta com um sotaque caipira puxadíssimo perguntar:
       - Ôoh Valdirrrr, essi qui apiô era o Seu Zico?
Na sequência, o motorista do ônibus respondeu:
       - É ele mesmo.
       - Quê qui ele tava fazendo lá em São José? Retrucou o homem, como se estivessem conversando em uma mesa de bar.
       - Ah, ele vai lá toda semana vender uns cachos de banana na feira.
       - Eu ouvi dizê qui ele nunca casô na vida e nem tevi fiii. Se intrometeu uma senhora com uma voz de taquara rachada e sotaque mais caipira ainda.
       - I sê credita qui ele nem pricisa trabaiá, ouvi dizê qui ele herdô tudim dos pai e inda ganha posentaduria. Outra senhora do lado oposto ao homem completou.
A partir de então, dentro daquele ônibus, presenciei um dos mais curiosos e engraçados casos de fofoca de interior.
       - Ôooh Valdir, us minino do bar do nêgo falaru qui o Seu Zico é tão fidido qui nem o cachorro dele guenta. Mandou mais uma o maldoso homem.
       -  A mão dele é tão grossa qui ele nem senti uma aguia. Falou e sorriu uma das senhoras.  
Quase chegando em São Bento, o homem gritou para o motorista:
       - Ôh Valdirr, pára antis du trevu um cadim preu descê. 
       - Pois não Seu Tonico. Concordou o motorista.
Enquanto o ônibus parava, aproveitei para conferir como era a fisionomia do engraçado e conversador caipira. A semelhança com o Seu Zico era tamanha que eu poderia dizer que eram irmãos.
Ao descer do ônibus, Seu tonico virou para o motorista e disse:
       - Ôoh Valdir, si ocê quisé toma um café cum farinha, é só apiá.
Não me contendo de tanto rir, escutei lá do fundo do ônibus:
       - Uai, Seu Tunicu, e o restu du ônsbu? cê num vai convidá?
    - Podi pará o ônsbu li nu canto, Ôhh Valdirrr, qui lá im casa teim é uma muringa grandi  pra todu mundu!
Após recusar o convite por motivos óbvios, o motorista se despediu de Seu Tonico, assim como a metade do ônibus, que curiosamente já se conheciam e dividiam a mesma viagem há anos. Chegando em São Bento, não resisti e tentei fazer parte, mesmo que momentaneamente, daquela família me despedindo do motorista:
       - Obrigado e até logo Valdir!
       - Meu nome não é Valdir não. É Valdecir. O Seu Tonico é o único que insiste em me chamar de Valdir! Finalizou o motorista. 
Casos assim me fazem esquecer dos problemas da vida, da velocidade do tempo e da dificuldade que colocamos em tudo.

À propósito, em relação à prova, largamos às 08:35hs com um tempo muito agradável para correr. Nublado e não muito frio. Como sabia que haveria boas e longas subidas, segurei o ritmo para não me arrepender depois.
Já no quilômetro 6, no início de uma das mais longas subidas, as colocações já se encontravam na mesma sequência que o resultado final. Subimos por uma das cristas do vale da Pedra do Baú. Infelizmente, com o tempo um pouco fechado, não pude avistar de longe o complexo da Pedra do Baú.
Após descermos para o fundo do vale e atravessarmos para o outro lado, local em que estávamos com 16 quilômetros de prova, pegamos a segunda e mais difícil subida do dia. Era quase impossível correr nesses trechos. Desta forma, enquanto subia, dava grandes passadas apoiando os joelhos com as mãos a fim de dividir um pouco a força das pernas. ao final desta longa subida, veio a parte mais técnica da prova.

 
Uma trilha na mata fechada repleta de trepa-pedras e raízes escorregadias. Neste ponto, acabei me perdendo em meio à mata fechada. Após alguns minutos batendo cabeça, encontrei a trilha e vi que o primeiro lugar também havia se perdido no mesmo ponto. Desse local, faltavam, aproximadamente, 5 quilômetros para a chegada, trecho que fiz no encalço de Celio.
Contudo, acho que por ser local de São Bento, Celio levou uma pequena vantagem! Terminei com as pernas bem doloridas por conta do pesado sobe-e-desce. No dia seguinte, acordei cedo para pegar novamente o ônibus para São José dos Campos e delá para o aeroporto de São Paulo.
Infelizmente, desta vez, não tive a felicidade de encontrar o Seu Tonico, tampouco o Seu Zico durante minha volta, mas admirava contente a beleza da região.
Abraço.
Manza.  
Resultados:
1 Celio Augusto da Rosa        03:19:48   São Bento do Sapucaí/SP
2 Alexandre Manzan              03:22: 46  Brasília/DF
3 Hamilton Rodolfo Miragaia  03:44:51   São Bento do Sapucaí/SP
4 Dalto Dos Santos Rodrigues 04:00:32
5 Pablo Simonetti                  04:13:54
       

Agradecimentos:
Traveler.com.br
D'stak academia
Bike brothers

Crédito das fotos: Wladimir Togumi

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O triste fim de meu "bei gott"



Bigode é o conjunto de pelos faciais, localizados entre o nariz e o lábio superior e é comum ser preservado por alguns homens junto ou não de uma barba. Também ocorre em mulheres que, em sua maioria, optam por eliminá-los.
Historicamente, pode se dizer que o bigode é um traço facial que tende a identificar diferentes culturas. Na sociedade ocidental o bigode caiu em desuso nas últimas décadas, sendo substituído por uma crescente exigência de limpeza visual (que saco...).
Não é despropositado dizer que a sociedade global associa o bigode a alguns fenômenos sociais que não dependem da geografia. Teve grande importância na sociedade de séculos passadosA utilização demonstrava ostentação socioeconômica e tinha uso quase que obrigatório entre os homens de grande importância.

Etimologia
Os enormes bigodes que os germanos costumavam usar na Idade Média, chamaram a atenção dos habitantes da Península Ibérica, como também, os juramentos e as imprecações que aqueles bárbaros proferiam. Com inusitada frequência, os germanos exclamavam "bei gott", "por Deus!" Mais que um juramento, era uma mera interjeição. Sem entender o que aquelas palavras significavam, os ibéricos começaram a chamar 'bigod' os homens bigodudos até que, com o tempo, a palavra já aportuguesada como bigode passou a designar o apêndice peludo.
* Fonte Wikipédia
Deixei meus pelos faciais crescerem por algum tempo a fim de cultivar, por algum tempo, um belo bigode. A reação das pessoas, sobretudo das mais próximas, ao me verem de bigode foi devastadora para minha autoconfiança. Eu jurava que tinha ficado bom!
Mas, a cada encontro (e risadas)  fui me convencendo de que eu estava "outrated". Contudo, de posse de minha personalidade só abalada em "casos extremos", segui firme com meu charmoso bigode. Uma, duas, três semanas. Foi quando recebi um ultimatum:
     - Você sabe que temos um casamento para ir e, com esse bigode, não dá. Disse minha namorada. Putz... Havia prometido ir ao casório da amiga dela e não tive como argumentar. Faca na calda de passarinho. Fui ao casório sem bigode e chateado...
O mais curioso durante minha permanência com o 'bigode viril' foi observar a incredulidade das pessoas em relação a minha aparência nada convencional. É, porque imagem é tudo, não  é  mesmo? Não. Eu não acho. Creio ser um desperdício passar a vida enraizado a conceitos, padrões e estilos.
Imagine ter a mesma aparência sempre! Isso, sim, é caretice da braba.  
Por que não reciclar-se de vez em quando? Novos lugares, novas amizades, novo trabalho, novos livros e, claro, novo visual! 
Inconformado com o cerceamento momentâneo de minha liberdade, disse a minha namorada:
     - Deixarei meu bigode crescer novamente, nem que para tanto eu não vá mais a casamentos! "Digo e fico".

Abraço.
 
Manza (agora sem bigode por força do sistema...)

Seguem abaixo fotos de algumas personalidades que, assim como eu, usaram e sentiram o poder do bigode! 



Tom seleck, o inesquecível Magnum.










 Albert Einstein




Salvador Dali





     
                                                             
O glorioso Sassá Mutema













Steve Prefontaine, fenômeno do atletismo mundial nos anos 70.
Mark Spitz, recordista em medalhas olímpicas na natação.



Theodore Roosevelt