quinta-feira, 28 de julho de 2011

Brasília Multisport 2011



Distâncias: 15 km de corrrida em trilha, 17 km de canoagem em rio, 2 km de corrida e 35 km de mountain bike casca grossa!


No dia 30 de julho de 2011, durante a tradicional época de céu azul e seca em Brasília, foi realizada a quarta edição do Brasília Multisport.

O percurso foi todo transferido para a área rural de Brasília, o que deixou a prova bem mais interessante. A expectativa da organização era que o primeiro colocado chegasse com o tempo próximo de 4 horas; baixo se levarmos em conta o difícil e desafiador percurso.

No primeiro trecho de corrida correu tudo bem, com trechos de single track duríssimos e visuais de tirar ainda mais o fôlego. Fui o primeiro a entrar no rio. A boa temperatura da água aliviou um pouco o calor e a seca. Além da paisagem bem bacana neste trecho, o volume de água do rio ajudou a fazer com que os caiaques rendessem bastante durante os 17 km.

Saindo do rio, tínhamos uma corridinha de 2 km até a transição para a última parte da prova, os 35 km de mountain bike. Peguei a bike em primeiro e saí me sentindo bem para a parte mais difícil da prova. O percurso do mountain bike foi elaborado para ser feito em duas grandes voltas, fazendo com que os atletas passassem pela transição entre uma volta e outra para que o público participasse mais da prova. Tudo ia bem até que, em uma bifurcação, um staff direcionou a maioria dos atletas para a segunda volta, e não para a primeira em que estávamos.

Já quase na metade da prova, me dei conta de que o staff havia se equivocado e, sem pensar muito, decidi terminar a volta em que estava e realizar a outra na sequência. Não imaginava, mas boa parte dos atletas haviam sido direcionados para o mesmo caminho que eu.

Ao finalizar a prova, em primeiro, não sabia o que seria feito pela organização para resolver o problema. Sabia apenas que, independente da decisão, não agradaria todos os atletas.

A organização, reconhecendo o erro cometido pelo staff, decidiu considerar a prova até a entrada da última transição para a bike, pois o problema se deu durante a etapa de mountain bike.

Diante de tal decisão, permaneci com o primeiro lugar na prova, apesar de que, considerando o dia em questão, eu ache que dificilmente o resultado seria outro.

O que penso disso tudo, tendo visto fatalidades como essa ocorrerem outras vezes, é que, de certa forma, todos saímos perdendo. Atletas e organizadores têm prejuízos.

O fato é que esse tipo de prova envolve uma logística complicada, e, sem querer condenar os culpados, creio que existam maneiras de se minimizarem tais erros. o percurso, sem esquecer dos outros pontos, é, definitivamente, o aspecto mais importante da prova. Não pode ter erro.

No mais, ajustando tal "desajuste", o Multisport é diversão certíssima! (Mas dói...)

Ab.


Manza.















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domingo, 3 de julho de 2011

Chopicalqui - 6350 m, enfim!

Lima, 03/07/2011







Confesso que após descer do Pisco (5700m - montanha realizada como parte de minha aclimataçâo), fiquei um pouco desanimado para continuar com o plano de escalar uma outra montanha ainda mais alta e técnica.

A empreitada atipicamente difícil no Pisco me fez cair na real e perceber a estafante temporada que havia planejado. Diante disso, decidi descansar por mais dois dias em Huaraz e, após este prazo, saber se estaria disposto ou nâo para seguir rumo ao Chopicalqui.

Por sorte, no dia 28 de junho estava seguindo (recuperado) para meu último e maior objetivo na Cordillera Blanca este ano: o Cerro Chopicalqui, com 6350 metros.

Logo na aproximaçâo, nota-se a grandeza desta montanha, uma enorme moraina (parte em que o gelo se mistura com pedras) deve ser transposta para se chegar ao acampamento intermediário situado à 5000 metros de altitude. Eu e o Juan (peruano que me acompanhou nesta montanha) dormimos uma noite nesta altitude para, no dia seguinte, pernoitar a 5420 metros, no que seria o último acampamento antes do cume.

Dormimos escutando o barulho que os blocos de gelo faziam ao se desprenderem da parede despencando morro abaixo. O barulho era realmente assustador. Desnecessário dizer que os acampamentos se situam fora da área de risco!

No dia 29, subimos para 5420 metros, de onde sairíamos às 01:00hs do dia seguinte a fim de atacar o cume. Apesar de achar que estava bem aclimatado, senti um pouco de dor de cabeça durante a noite, motivo pelo qual nâo consegui dormir bem. Sem possibilidade de tempo extra neste local, saímos ás 02:00hs do dia 30/06, com -10 graus C, rumo ao cume do Chopi.

Apesar da escuridâo, sabia a altura dos desfiladeiros que se encontravam ao redor da rota. Estávamos encordados um ao outro para evitar que alguém se desgarrasse em caso de queda ou de surgimento de alguma greta inesperada.

A subida foi lenta devido á altitude, a qual nâo oferece muita pressâo para o corpo absorver o oxigênio, e á inclinaçâo das paredes.

Transpusemos 3 paredes de gelo com mais de 80 graus de inclinaçâo. Quando o dia amanheceu, ás 05:30hs, estávamos a 6000 metros de altitude, oportunidade em que pude observar a magnitude do lugar e o tamanho da "encrenca" em que havia me metido. Ainda sem ter alcançado o cume, pensei o quanto me custaria para descer até o acampamento 1, onde dormiríamos aquela noite.

Contudo, sentia-me bem fisicamente e, com a cabeça voltada para os 6350 metros, seguimos para a última parte técnica antes do cume: uma curta escalada vertical para se ter acesso a uma pequena travessia que leva ao cume.

Exatamente ás 07:30hs, estava á 6350 metros com uma vista de 360 graus da Cordillera Blanca. Sem pensar muito na descida, fotografei o Huascarán (outra montanha da Cordilheira) imponente em nossa frente. Lá em cima, parecia estar tâo perto das outras montanhas, mas levam-se dias para alcançá-las!

Acho que essa é a verdadeira razâo que nos move para as montanhas; a dificuldade de chegarmos ao cume nos proporciona um orgulho e uma satisfaçâo pessoal imensurável. E, "de quebra", tem-se a sensaçâo de poder envolver momentaneamente o mundo com nossos olhos. É tudo muito real, rústico, cru, vivo!



Após alguns momentos de êxtase, foi preciso acordar e encarar que ainda havia metade da jornada, tâo perigosa quanto a subida.
O sol, apesar de aquecer um pouco nossos corpos, derrete um pouco a primeira camada de gelo da montanha, tornando a aderência dos crampons e piquetas (acessórios de escalada em gelo) um pouco mais difícil.

A descida nos custou bastante, pois revezámos as cordadas de rappel nos trechos mais inclinados, onde, ora eu, ora o Juan, fazíamos a fixaçâo (ancoragem) das cordas no gelo para podermos descer. Foi uma ótima oportunidade para aprender algumas técnicas de ancoragem no gelo, ambiente em que eu ainda nâo havia escalado. Apesar do cansaço acumulado, chegamos com segurança ao acampamento nas morainas, onde pudemos repor as energias para sair da montanha no dia seguinte.

Nessa escalada tive a oportunidade de observar o comportamento do gelo nas montanhas e, com isso, notar o quanto é arriscado realizar uma escalada como esta sem conhecimento, sem saber por onde se anda entre os seracs (fendas no gelo), fato realizado com competência pelo Juan.





3 Quilos mais magro, barbudo e com o nariz ainda "descongelando", escrevo a última postagem desta expediçâo tomando um café quente aqui em Lima.

É curioso já sentir saudade da experiência que tive nas montanhas geladas da Cordillera Blanca, mas sei como fez falta, todos esses 12 dias, o café quente que se encontra em minha frente agora!





Para aqueles que acompanharam a expediçao pelo blog, agradeço os pensamentos "calorosos"!





Obrigado.


Alexandre Manzan.






















Agradeço os parceiros nesta viagem: