sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O presente quem ganhou fui eu...

Curitiba, 10/12/2010

Dizem que se conhece uma pessoa quando se viaja com ela. Creio que conheço bem meu pai agora!

Com a nossa chegada em Curitiba ontem, eu e meu pai praticamente concluímos nossa viagem. Conforme postado anteriormente, não sabíamos como seria nossa segunda metade da viagem. Apesar do temor de algo poder dar errado, assim como na primeira parte da viagem, enchemos ainda mais nossos "hard disks" com preciosas informações e lembranças. Imagens e sensações que nos acompanharão para sempre com certeza.

Hoje, eu e meu pai nos separamos após uma jornada de 15 dias viajando pela América do Sul de moto. Ao se despedir de mim, ele me disse: "Esse foi o melhor presente de aniversário que você poderia ter me dado. Um abraço meu filho!"

Putz, 10 de dezembro. Mais um ano e eu acabo esquecendo o aniversário do meu velho...

Desde 1995, ano em que saí de casa e fui morar só, não convivia tanto tempo com meu pai. Impressões, sensações, impaciência, admiração, curiosidades, discussões, calor, frio, tédio, tudo isso em quinze dias somados a 9000 quilômetros e uma paixão em comum: respirar outros ares!

Nunca esquecerei o dia (eu tinha 7 anos de idade) em que meu pai me deu minha primeira bike, colou nela um adesivo branco contendo meu nome e contato dele e me orientou a ir para a casa de minha avó, a qual se localizava à 15 quilômetros, em outra cidade satélite vizinha a que eu morava em Brasília.

A primeira descida, a primeira subida, o vento correndo por meu rosto, o primeiro susto com carros...

Puxa, como aquele dia foi fundamental em minha vida!



Dagozão,

67 anos... Tomara que viaje muitos anos ainda!

Parabéns.

Mas, o presente quem ganhou fui eu.

Valeu pela trip pai.

Alexandre Manzan





domingo, 5 de dezembro de 2010

Meio cheio ou meio vazio?

A metade de uma empreitada é sempre uma passagem marcante. Seja por termos sede da outra metade, ou por temë-la. Me recordo que, durante várias provas difíceis, negociei comigo mesmo de ir até a metade para entäo pensar em parar! É, porque quando se está na metade, vem aquele peso de jogar 50% do trabalho fora e, por conta disso, sempre tentei me motivar com os 50% restantes. Enxergo como a descida de um morro que já subi, apesar de que em algumas provas continuei "subindo" o morro, e muito!
Digo isso porque, após tocarmos o Pacífico ontem, rumamos novamente para o Leste, cruzamos mais uma vez os Andes e nos encontramos
no calor infernal dos Pampas argentinos, cumprimdo praticamente metade da viagem.
Devo admitir que nesta viagem, especificamente, näo existe a opçäo desistir, pois temos que voltar para casa (a qual se encontra no final da outra metade!) com nossas motos. Até agora percorremos praticamente 6000 quilömetros em onze dias, enfrentamos um calor de 40°C no Chaco Argentino e passamos muito frio (2°C à 4800 metros de altitude) no Passo de Jama, local em que cruzamos a Cordilheira dos Andes na ida.

Há aqueles que interpretam meio copo de um delicioso capuccino como meio cheio e outros que o lamentam como meio vazio...


Que venha a outra metade...
Manza.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Fim de tarde no Deserto do Atacama

E a vida continua...

Amanha continuamos nossa viagem de moto rumo ao Pacífico. Passamos dois dias em San Pedro de Atacama para descansar e termos a melhor aula de geologia que poderíamos ter! Lugar único. Para me despedir, tive que dar uma corridinha nesse lugar inusitado, seco e incrível. Correr à 2600 metros de altitude com uma umidade baixíssima me lembrou um pouco a época da seca braba no Planalto Central do Brasil. Quem conhece sabe o que estou falando! Porém, por aqui, tive o vulcâo Licancabur (6000 metros de altitude) como pano de fundo. Um verdadeiro privilégio. Agora é voltar ao ritmo de viagem que estávamos antes e "comer" mais quilômetros!
Ao finalizar esta postagem, meu pai, Dagoberto Manzan, disse:
"Quando se tem filhos, tem-se a ilusória esperança de poder transmitir-lhes algum conhecimento, alguma esperiência ao longo dos anos. Ledo engano. A gente é que aprende - e muito - com esses moleques. Como nesta viagem: idéias, rumos, soluçôes, é tudo dele e nem se pode questionar, porque a inovaçâo, a visâo mais larga, a desbravaçâo é tudo dele e nem se pode discutir, porque é óbvio demais. Fim de papo".
Vamos em frente hehehehe...

Manza.